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Um monstro vai atacar minha vida se eu não der o dizimo?

Vejamos o que a bíblia diz:

Essa ideia surgiu há algumas décadas, juntamente com algumas igrejas neopentecostais, afirmando que maldiçoes seriam impostas àqueles que não contribuíssem com o dizimo, demônios seriam os responsáveis pelo caos financeiro do individuo. A oração não surtiria efeito, somente a contribuição com o dizimo resolveria o problema.

Textos utilizados nessa teoria:

Joel 1:4
O que deixou o gafanhoto cortador, comeu-o o gafanhoto migrador; o que deixou o migrador, comeu-o o gafanhoto devorador; o que deixou o devorador, comeu-o o gafanhoto destruidor. ARA

Joel 2:25
Restituir-vos-ei os anos que foram consumidos pelo gafanhoto migrador, pelo destruidor e pelo cortador, o meu grande exército que enviei contra vós outros. ARA

Vou compensar vocês pelos anos dos gafanhotos, a grande devastação que causaram — Gafanhotos selvagens, gafanhotos mortais, gafanhotos vorazes, gafanhotos destruidores — A grande invasão de gafanhotos que enviei sobre vocês.  A Mensagem

Façamos uma análise dos textos com seus contextos:

LIVRO DE JOEL

MARCO HISTÓRICO
Uma praga de gafanhotos e uma seca severa. Vistas como castigos pelos pecados do povo. A praga foi uma profecia das invasões vindouras dos exércitos dos inimigos de Judá.

OCASIÃO
Uma grande seca assolara a terra e uma praga de gafanhotos tudo arruinara. Embora Moisés em Deut. 28:38 e 39, e Salomão em I Reis 8:37, tivessem feito menção aos gafanhotos como um dos instrumentos do castigo divino, nesta instância, o povo não os reconheceu como tal.

A missão de Joel foi a de mostrar que a condição tristíssima da vida espiritual da nação foi a causa de lhe ser enviada a praga, e exortar ao arrependimento toda a nação, como passo essencial para voltar-se a Deus.

PROFÉTICO
Joel, mostrou, ainda, que a invasão dos gafanhotos era apenas o tipo (símbolo) duma outra invasão muito mais terrível.
Sem dúvida, esta profecia cumpriu-se, parcialmente, quando da invasão da terra pelas hostes pagãs, naqueles dias.

Análise dos termos:

Locusta cortadora, Gafanhoto cortador, Lagarta
“Cortar fora". Ocorre em apenas três passagens: Joel 1.4; 2.25; Amós 4.9. a ARC traduz a palavra por “lagarta”. O gãzãm talvez seja um gafanhoto ainda novo, num certo estágio de desenvolvimento. Em geral os gafanhotos só atacam as folhas de oliveiras depois de todas as outras coisas terem sido consumidas. Assim, Amos 4.9 descreve uma situação de devastação absoluta.

Voadora, Gafanhoto migrador, Gafanhoto peregrino
Arbeh. Gafanhoto. Numeroso. A praga de 'arbeh (Dt 28.38) é relacionada como uma das maldições divinas que viriam sobre os israelitas, caso desobedecessem aos mandamentos de Deus. O ’arbeh é uma das pragas que Moisés invocou sobre o Egito (Êx 10.4). Ao se tornarem maduros, esses gafanhotos têm seis centímetros de comprimento. Têm dois pares de asas e um par de pernas aumentadas para saltar. Na aparência são comparados com cavalos (J1 2.4; Jó 39.20; Ap 9.7). Os gafanhotos do deserto impressionam como viajantes. Conseguem voar até 17 horas ininterruptas e há registros de terem viajado 2400 quilômetros.

O som de suas asas é comparado com o de carros (J1 2.5; Ap 9.9). A rota que tomam para viajar é determinada pelos ventos dominantes (Êx 10.13, 19). Numa praga de 1915, os gafanhotos chegaram até Jerusalém vindos do nordeste (cf. J1 2.20). A Bíblia não exagera quando fala de enxames de gafanhotos cobrindo o chão (Êx 10.5). Sabe-se de um enxame que chegou a cobrir 230 quilômetros quadrados e era tão espesso a ponto de não deixar enxergar o sol. Um enxame realmente grande pode ter dez bilhões de gafanhotos. As quatro palavras usadas por Joel (1.4; 2.25) na vivida descrição que faz da praga de gafanhotos parecem representar etapas no desenvolvimento desse animal, em vez de diferentes espécies de insetos.

Devorador, Locusta, Devastador
Yeleq - Gafanhoto novo, LXX (yeleq) gafanhoto sem asas. A BJ utiliza “larva”

Destruidora, Pulgão, Gafanhoto destruidor, Devorador
(Hãsil) Gafanhoto. A palavra deriva do verbo hãsal, “consumir” (Dt 28.38). Ocorre seis vezes. duas vezes como brouchos, “gafanhoto sem asas”. ARA, "larva”. Em Joel 1.4 e 2.25, hãsil é usado para designar o gafanhoto novo, “devorador”.

Em Joel 2.25 aparece primeiramente o 'arbeh, o gafanhoto maduro que põe ovos. O yeleq pode ser a larva, quando emerge do ovo. O hãsil pode ser o saltão (etapa entre as mudas de pele). O gãzãm pode ser a ninfa voraz que arranca a casca das árvores.

Ao contrário dos babilônios, que apelavam para fórmulas mágicas de encantamento para evitar pragas de gafanhotos, os israelitas, com jejum, arrependimento e oração, suplicavam a Deus que retirasse as pragas de gafanhotos (1 Rs 8.37; 2 Cr 6.28). Em Levítico 11.22 o 'arbeh e outros três tipos de gafanhotos (sol'am, hargõl, hãgãb) estão relacionados entre os insetos comestíveis.

RESUMINDO
Não eram demônios, mas uma praga real de pequenos animais que vieram por conta do afastamento espiritual do povo e uma alusão a invasão de povos estrangeiros. Não tem nada a ver com dinheiro.

E MALAQUIAS?
Malaquias 3:11

E, por causa de vós, repreenderei o devorador, para que não vos consuma o fruto da terra; e a vide no campo não vos será estéril, diz o Senhor dos Exércitos. ARC

Impedirei que pragas devorem suas colheitas, e as videiras nos campos não perderão o seu fruto", diz o Senhor dos Exércitos. NVI

A questão principal em Malaquias 3: 7-12 não é dízimo, mas apostasia. Tanto que o profeta cita o destruidor (gafanhoto), que é uma alusão a praga de gafanhotos que viria (Dt 28:15,38), não especificamente, por causa da falta de contribuição, mas sim pela quebra da aliança. O profeta poderia estar falando de outro pecado que quebrasse essa aliança, mas neste caso, ele chama a atenção para o relaxamento na obra de Deus. Judá é cobrado aqui por ter abandonado a Deus, o Deus que os havia escolhido e abençoado. Tudo estava sendo feito de forma relaxada e desleixada. Estes se afastaram dos estatutos que Deus lhes dera. Ao reter para si os dízimos e as ofertas, o povo mostrou os seus corações idólatras e insensíveis diante de Deus ao deixar os levitas e pobres sem o devido sustento.

CONCLUSÃO


Possivelmente, podem existir no reino das trevas, demônios especializados que atuem em determinadas áreas dos seres humanos, não devemos subestimar seus ardis (2 Co 2:11). Sabemos que eles ficam ao derredor procurando brechas para destruir aqueles que assim permitirem (1 Pd 5:8), porém não há nenhuma alusão bíblica ao demônio cortador, devorador e destruidor e a solução dos problemas de opressão na área financeira com uma simples contribuição de dizimo.

Existem pessoas que acham que porque deram 10%, ganharam uma blindagem de proteção e isso é um engano. Porque o que vai blindá-las contra as astutas ciladas do diabo é uma vida de santidade. É não viver na prática do pecado e não porque alguém pagou uma taxa de proteção.

Tem pessoas que pensam “Paguei a taxa. Fiz a minha parte” Aí poderia ter uma vida cheia de pecado. Ela mente, rouba, é avarenta, é orgulhosa é soberba. Você acha que Deus vai proteger esse tipo de pessoa? Ela está apenas cumprindo um protocolo. Jesus falou isso dos fariseus. Raça de víboras, sepulcros caiados, condutores cegos.

Devemos tomar muito cuidado com as experiências pessoais, que não devem ser ignoradas, porém não podem servir de base para doutrina cristã. O equívoco cometido por alguns líderes cristãos é uma absurda interpretação errônea do texto bíblico, a fim de exercer pressão sobre as pessoas, visando alcançar seus objetivos inescrupulosos ou em menos grau, uma enorme ignorância hermenêutica.

Assista abaixo, uma animação interessante que tambem pode auxilia-lo no entendimento.

Michel CM